TERRA MORADIA ARTE: BARREIRO
Foi realizada em agosto de 2022 a primeira edição da residência Terra, Moradia, Arte, no Centro Cultural Vila Santa Rita, e nas ocupações Eliana Silva e Paulo Freire. A proposta da residência é criar um ambiente multisetorial, fomentando a produção e reflexão cultural local a partir dos temas ligados ao cultivo da terra, direito à moradia e acesso à arte.
6/2/20254 min read


A primeira edição da residência Terra, Moradia e Arte foi realizada no Centro Cultural Vila Santa Rita, com foco na população do Vale das Ocupações Urbanas do Barreiro, que reúne as comunidades Paulo Freire, Nelson Mandela, Irmã Dorothy, Eliana Silva e Camilo Torres. A proposta criou um ambiente multissetorial e colaborativo, fomentando a produção e a reflexão cultural local a partir de temas como o cultivo da terra, o direito à moradia e o acesso à arte. Os encontros valorizaram e deram visibilidade a questões contemporâneas presentes no cotidiano dos participantes, fossem moradores das ocupações ou pessoas de outros territórios.
O processo de participação aconteceu por meio de chamamento público gratuito, voltado a jovens de 15 a 29 anos, com foco nas ocupações urbanas da região do Barreiro. No entanto, a turma se formou de maneira diversa, contando com participantes de diferentes regiões de Belo Horizonte e cidades vizinhas.
Durante a residência, foi estabelecido um ateliê fixo no Centro Cultural Vila Santa Rita, que funcionou como ponto de encontro e criação. Além disso, foram realizadas ações presenciais nas ocupações Eliana Silva e Paulo Freire, com caminhadas, expedições, aulas e rodas de conversa. O espaço foi equipado com diversos materiais para produção plástica e visual, apoiando o processo criativo das atividades. A programação incluiu três dias de encontros, mediados por artistas convidados, além de atividades abertas com lideranças populares e artistas locais, sempre abordando questões ligadas à realidade das ocupações do Barreiro.
Primeiro Dia
No primeiro dia da residência, Jonata Vieira realizou a leitura de um texto de abertura e a companhia deu as boas-vindas aos residentes. Em seguida, ocorreu a oficina com Guto Martins, que propôs uma experiência com a técnica da aquarela a partir das vivências recentes no território.
Na sequência, foi realizada uma caminhada com a liderança comunitária Poliana pelas ruas da Ocupação Eliana Silva, proporcionando um contato direto com a história da ocupação e seus desafios atuais.
Segundo Dia
O segundo dia começou com um encontro guiado por Nayara Leite, que propôs um mergulho na ancestralidade e nas raízes dos participantes. Inspirada na frase de Nego Bispo, “é importante voltar pra casa”, o tema do encontro foi “Olhando para o próprio umbigo”. A oficina iniciou com estímulos sensoriais através do hortelã oferecido por sua mãe, Senhora Joana, e seguiu com caminhadas descalças, trocas de olhares e provocações sobre as palavras “terra” e “umbigo”. Em roda, partilharam a pergunta “De onde eu vim?”, com referências visuais, musicais e literárias negras, como Makota Valdina, Conceição Evaristo, Nego Bispo e a própria Nayara.
Ainda no segundo dia, houve o encontro com Jéssica Castro, moradora do Barreiro e integrante dos movimentos de luta urbana em BH, com atuação na assessoria técnica para habitação de interesse social (ATHIS) por meio do Arquitetura na Periferia, além de seu envolvimento com o feminismo marxista através da Casa Tina Martins. A atividade foi guiada a partir de provocações como: “Como é sua relação com o público e o privado? E com o ambiente do habitar e a vizinhança?” Os participantes trocaram vivências sobre moradia utilizando a oralidade, o desenho e a escrita, refletindo também sobre como sujeitos políticos podem intervir na prática e construir melhorias para os lugares onde vivem.
Terceiro Dia
No terceiro e último dia da residência, o primeiro encontro foi realizado na Creche Tia Carminha, localizada na Ocupação Eliana Silva, com mediação da artista Gilmara Oliveira. A atividade foi inspirada no tema “Fome de quê?”, com disparadores poéticos e musicais para ativação dos corpos. Após esse momento, os participantes caminharam até o escadão próximo ao Centro Cultural Vila Santa Rita, carregando copos com água em reflexão sobre o cuidado e a falta. Em seguida, realizaram uma ação coletiva de limpeza e performance com os copos nos 89 degraus da escadaria, cada um conforme seus próprios desejos e sentidos.
Ainda no terceiro dia, o segundo encontro foi com Alexandra, na horta coletiva da Ocupação Paulo Freire. A caminhada até o local foi seguida de uma acolhida calorosa. Alexandra compartilhou a transformação do terreno, anteriormente um bota-fora, em um espaço produtivo e sagrado, que hoje fornece alimento para o corpo e o espírito, ressaltando a importância do cuidado e da manutenção da horta.
Para encerrar a residência, aconteceu o último encontro no Centro Cultural Vila Santa Rita com Ed Marte, que propôs a atividade “O que fazer aqui?”. A partir da ativação dos dez corpos, Ed conduziu uma prática de kundalini yoga, promovendo alongamento, relaxamento e escuta sensível do próprio corpo como instrumento de criação e transformação.














FICHA TÉCNICA
Direção executiva: LORRAYNE ANTONIELLE; Direção artística e pedagógica: JONATA VIEIRA; Produção e gestão financeira: HYU OLIVEIRA; Assistência de produção: SOL MARKES; Design: JOYCE ROMIE; Gerência de redes sociais:JOVIANE AIYÉ; Fotografia: ANNA MIRANDA; Registro de Vídeo: GABRIEL MENDES; Assessoria de Imprensa; BRAMMA BREMMER; Consultoria prestação de contas: ROBERTA OLIVEIRA; Encontros: GABRIEL MARTINS, NAYARA LEITE, GILMARA OLIVEIRA e ED MARTE; Lideranças: POLIANA, ALEXANDRA e JÉSSICA CASTRO.